Latam pressiona por redução definitiva de salários e ameaça demitir em massa
Reportagem da CUT-SP revela pressão por redução de salários na Latam, mesmo após a pandemia. Caso trabalhadores rejeitem, há rumores de demissões em massa
Publicado 30/07/2020 - 15h58
São Paulo – A companhia aérea Latam estuda reduzir permanente dos salários de seus funcionários. Em caso de resistência, há rumores de que a empresa optaria sumariamente pela demissão em massa. As informações são do portal da CUT-SP, em reportagem de Rafael Silva.
O corte de pessoal pode atingir 2,7 mil trabalhadores, caso eles não aceitem a redução permanente nos vencimentos. A atitude da empresa difere de outras companhias nacionais – Gol e Azul – que diminuíram os salários dos seus funcionários apenas enquanto durar a pandemia de covid-19.
“Tripulantes da companhia aérea, que não quiserem se identificar para não sofrerem represálias, disseram que a empresa chegou a falar em 2,7 mil dispensas caso a proposta não seja aceita imediatamente”, afirma a reportagem. Os trabalhadores se queixam da forma como estão sendo tratados, já que, no início da pandemia, aceitaram a licença não remunerada solicitada pela empresa, sob alegação de equilíbrio de contas.
Novo acordo
A categoria, representada pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), prevê a realização de assembleia nesta sexta-feira (31). Os trabalhadores devem decidir se negociam mudanças definitivas nas remunerações no novo acordo coletivo, que será construído com mediação do Tribunal Superior do Trabalho (TST).
A empresa pretende impor o corte de salários e benefícios até 2021, assim como feito pelas demais empresas do setor. Entretanto, além disso, a Latam pressiona por um novo acordo, a partir de 2022, com corte definitivo de até 60% nos salários e benefícios. A companhia alega que suas operações são mais internacionais que as concorrentes, o que modificaria os termos das negociações com os funcionários.
“A empresa quer a todo custo suprimir benefícios e reduzir nosso salário de forma permanente para resolver um problema (coronavírus) que é temporário (…) Se aceitamos a proposta oportunista e ultrajante da empresa, mantemos nossos empregos, mas degradamos a categoria para sempre. Se seguimos negando qualquer alteração permanente, corremos o risco de ser demitidos. É uma escolha difícil de ser tomada”, disse um comissário para a CUT-SP.