Prioridades

Petroleiros entregam pauta e reivindicam prorrogação de acordo durante a pandemia

FUP afirma que isso daria mais tranquilidade para a negociação, além de proteger “o elo mais fraco desta relação, que são os trabalhadores e suas famílias”

FUP
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Sindicalistas dizem que é preciso pensar em formas de 'retorno seguro' às atividades

São Paulo – Em momento de incerteza, os petroleiros querem que o acordo coletivo seja prorrogado pelo período em que durar o estado de calamidade púbica, decretado até 31 de dezembro. Saúde e segurança são prioridades, afirma a Federação Única dos Petroleiros (FUP) que encaminhou ontem (23) à Petrobras e subsidiárias a pauta de reivindicações da categoria, aprovada durante recente congresso nacional. O acordo vale até 31 de agosto, véspera da data-base.

“A FUP ressaltou que o alto grau de contágio entre os efetivos próprios e terceirizados já deveria ter bastado para o reconhecimento de que o enfrentamento da crise que considere os trabalhadores como objeto, e não como sujeito da situação, é por natureza, ineficaz”, afirma a federação. Para os sindicalistas, é preciso discutir o retorno seguro às atividades no pós-pandemia. Por isso, a prorrogação do acordo daria mais tranquilidade para a negociação, além de proteger “o elo mais fraco desta relação, que são os trabalhadores e suas famílias”.

O coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, abriu a reunião com a área de recursos humanos da Petrobras criticando o que chamou de “postura autoritária” da atual gestão. Segundo ele, a estatal tem praticado ações antissindicais e perseguições políticas.

Petroleiros afirmam que privatização da Petrobras está no radar do governo

Além disso, os dirigentes cobraram suspensão imediata de todos os processos de venda de ativos e alienação de instalações, tanto da Petrobras como das subsidiárias. “A FUP tornou a ressaltar que é, no mínimo, temerário a intensificação das privatizações durante a pandemia, quando os preços estão em baixa e o mercado sofre drástica redução de demandas por derivados de óleo cru. Isso por si só torna injustificável as vendas de ativos que apequenam e fragilizam a companhia durante e após a crise, comprometendo o futuro dos trabalhadores.”

Fatia maior aos acionistas

Na pauta econômica, eles reivindicam reajuste com base no IPCA acumulado, com estimativa de 2,3%, além de 2,2% a título de aumento real. Esse segundo índice refere-se, segundo a FUP, a perdas do período 2016-2019.

“A gestão da Petrobras prega previsibilidade para os acionistas e os compradores, mas não oferece a mesma previsibilidade para os trabalhadores, que são os responsáveis pelos resultados da empresa”, diz ainda a FUP. “Enquanto a gestão Castello Branco privilegia os acionistas e o setor financeiro, que consomem mais de 30% das riquezas produzidas pelos petroleiros, os trabalhadores ficam com 12% e ainda são acusados de impactar os custos da empresa.”

A federação dos petroleiros afirma que, além de aumentar remuneração no alto escalão, a estatal destinou R$ 1,7 bilhão aos acionistas durante a pandemia. Em 2019, foram R$ 9 bilhões.

“Só para ter uma ideia do que isso representa para os trabalhadores, os R$ 10,7 bilhões pagos aos acionistas equivalem a quase o dobro do que a Petrobras investe em SMS”, diz a FUP. A sigla é relativa a segurança, meio ambiente e saúde.


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