Informalidade

Número de trabalhadores ambulantes deve aumentar após crise do coronavírus

Entidades se reuniram com a prefeitura de São Paulo e trabalhos deverão ser retomados já na próxima semana

EBC
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Durante a reunião com a prefeitura, Unicab pediu 'trégua' da fiscalização e denunciou violência policial contra os ambulantes

São Paulo – Os trabalhadores ambulantes preveem o retorno a suas atividades na próxima semana. Após o período de isolamento social, provocado pelo novo coronavírus, entidades acreditam que a pandemia tratará novos informais às ruas em busca de sobrevivência.

Nesta quinta-feira (9), entidades que representam os ambulantes se reuniram com a prefeitura de São Paulo. Além de pressionar pela reabertura do comércio informal, foi solicitada uma “trégua” dos órgãos fiscalizadores.

“Pela última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), são 80 mil ambulantes em São Paulo, mas só 12 mil autorizações para trabalhar. Em meio à recessão atual, muita gente vai trabalhar nas ruas para se reerguer, é preciso uma flexibilização da fiscalização que garanta as condições de trabalho, independentemente da licença”, explica a socióloga Maíra Vannuchi, integrante da União Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras Camelôs, Feirantes e Ambulantes do Brasil (Unicab).

A prefeitura de São Paulo prometeu que a retomada será oficializada ainda nesta sexta (10), com a reedição das licenças do programa Tô Legal e do Termo de Permissão de Uso para Comércio Ambulante.

Retomada do trabalho

A pandemia trouxe impactos enormes para os trabalhadores ambulantes, segundo Maíra. Com a sobrevivência dependendo dos ganhos diários das vendas, muitos informais tiveram que se arriscar a contrair o vírus e ir às ruas para trabalhar.

“O auxílio emergencial ajudou alguns, mas muitos não conseguiram acessar essa renda. Então, tem gente sobrevivendo da solidariedade de familiares. Houve trabalhadores que se arriscaram ao vírus, com o medo de passar fome, e tentaram manter a rotina. Pessoas com mais de 60 anos, inclusive”, conta Maíra.

A reunião com a prefeitura municipal também contou com a presença do ouvidor da Polícia Militar, Elizeu Lopes. A Unicab denunciou a truculência policial contra os trabalhadores informais e pediu que seja adotada uma nova abordagem.

“São Paulo trata os trabalhadores ambulantes como criminosos. A gente tem pressionado para acabar com a fiscalização truculenta, com agressões, ilegalidades e até sufocamento de trabalhadores. O trabalho de rua é tratado com muita violência. O ouvidor da Polícia prometeu buscar uma nova diretriz para tratar o assunto”, diz a socióloga.

Após quatro semanas da volta do comércio formal, os ambulantes também retomarão as atividades com protocolos de segurança e higiene, para reduzir a possibilidade de contágio da covid-19. “Apresentamos propostas como o respeito ao distanciamento de um metro e meio, garantia de limpeza das bancas, oferecimento de álcool e máscara. Alguns trabalhadores se propuseram a fazer vaquinha e comprar um termômetro”, acrescenta Maíra.