Campanha Nacional

Bancários reivindicam jornada de 4 dias sem redução do salário

Comando Nacional defende que redução da jornada resultaria em maior inclusão social, melhor distribuição da renda e mais bem-estar aos trabalhadores

Divulgação/Contraf-CUT
Divulgação/Contraf-CUT
Redução da jornada diminuiria estresse e adoecimento, aumentando a produtividade

São Paulo – O Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) realizaram nesta terça-feira (2) a segunda rodada de negociação da Campanha Nacional Unificada 2024. Na reunião para debater cláusulas sociais, os trabalhadores reivindicaram a jornada reduzida de quatro dias por semana e o teletrabalho. A primeira rodada, na semana passada, discutiu empregos, com os bancários exigindo mais contratações.

Nesse sentido, além da redução da jornada, os trabalhadores querem melhorias no teletrabalho, com avanços em relação às conquistas de 2022. Também discutiram melhorias na segurança bancária e na segurança virtual.

Na consulta nacional da categoria, com a participação de mais de 47 mil trabalhadores, 42% citaram como prioridade a redução da jornada para quatro dias. A presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, Neiva Ribeiro, destacou que a mudança traria benefícios não apenas para a categoria, como também para a sociedade, com maior inclusão social, melhor distribuição da renda e bem-estar aos trabalhadores. Ela é uma das coordenadoras do Comando Nacional.

“Mais tempo para o descanso e equilíbrio no convívio com a família, para a prática de esportes, lazer, cultura e para formação reduziria o estresse e o adoecimento, enquanto aumentaria a produtividade dos trabalhadores e, consequentemente, a qualidade de vida da população. É importante destacar que a adoção de um sistema de redução de jornada não pode estar dissociada de uma redução da intensidade do trabalho e do controle da hora extra, sempre realizadas através da negociação coletiva com os sindicatos”, afirmou.

Tecnologia em favor do trabalhador

Para a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, também coordenadora do Comando Nacional, a tecnologia não pode servir somente aos bancos.

“A categoria bancária defende a jornada de quatro dias semanais, sem a redução salarial, com a manutenção da abertura dos bancos e oferta de serviços de segunda a sexta-feira. Porque isso já é possível com os avanços tecnológicos. A tecnologia não pode servir somente aos lucros dos bancos, como está acontecendo. Os bancos aumentando seus ganhos, ano após ano, com redução de postos de trabalho. E quando contratam, são trabalhadores terceirizados, com menos direitos”, explicou.

Sobre o teletrabalho, a categoria bancária é referência. Isso porque, em 2022, foi a primeira a conquistar 12 cláusulas que garantem a saúde e a dignidade do trabalhador no home office. No conjunto, as cláusulas abrangem direitos, ambiente doméstico, equipamentos e mobiliário adequados, respeito à jornada. Também incluem auxílio financeiro para compensar o aumento de gastos em casa e prevenção a abusos e assédio.

“Apesar de estas conquistas estarem em nossa Convenção Coletiva de Trabalho, os bancos ainda precisam avançar em cláusulas que contemplem os trabalhadores no home office. Reforçamos a necessidade de aumento da ajuda de custo e ampliação do sistema híbrido para os bancários”, explica Neiva.

Em relação à ampliação do teletrabalho, os bancos afirmam que há uma tendência de redução mundial. Nesse sentido, alegam que não há garantia nem sequer da manutenção dos que estão em teletrabalho. No entanto, a Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária de 2024 contradiz esse argumento. Nos últimos dois anos, aumentou de 42% para 72% de trabalhadores em TI que realizam pelo menos uma vez por semana trabalho remoto. O tema volta a ser debatido durante as mesas de negociação.

Próximas datas para negociação

  • Julho: 11 (igualdade de oportunidades), 18 (saúde e condições de trabalho) e 25 (saúde e condições de trabalho)
  • Agosto: 6 (cláusulas econômicas), 13 (cláusulas econômicas), 20 e 27

A categoria precisa definir a campanha até o fim de agosto. Isso porque a data-base da categoria é 1º de setembro e a reforma trabalhista acabou com a ultratividade (manutenção dos direitos da atual Convenção Coletiva de Trabalho até a assinatura do novo acordo).