Dia de greve unificada

Tarcísio se apoia nas ‘urnas’ para defender privatização, mas teme plebiscito, rebatem trabalhadores 

Metroviários, ferroviários, professores da rede estadual, trabalhadores da Sabesp e da Fundação Casa aderiram à greve nesta terça após o governador de São Paulo frustrar negociação. Redes marcam apoio ao movimento e contestam vitória do plano de privatizações

Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
Tarcísio tem enfrentado a rebeldia da base insatisfeita com a sua desatenção a demandas

São Paulo – Representantes de metroviários, ferroviários, trabalhadores da Sabesp, Fundação Casa e professores de São Paulo, em greve, rebateram a fala do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) na manhã desta terça-feira (28). Para defender seu projeto de privatização autoritário, disse que rejeitar a proposta é “não aceitar o resultado das urnas”. Em pronunciamento no Palácio dos Bandeirantes, o chefe do Executivo condenou a greve unificada das categorias, que chamou de “motivação política, sem pauta, sem reivindicação salarial”. E destacou que as paralisações “não têm o poder de mudar o rumo” de seu projeto de venda das estatais.

“São contra aquilo que nós defendemos ao longo da campanha, de estudar privatizações, concessões, participação do capital privado nos serviços públicos. Foi um compromisso. E essa posição foi vitoriosa. Não aceitar essa posição é não aceitar o resultado das urnas, é não aceitar o diferente”, declarou Tarcísio.

No entanto, os trabalhadores rebateram com dados de uma consulta popular realizada por sindicatos de trabalhadores da Sabesp, do Metrô e da CPTM, mostrando que 99% dos participantes são contrários à proposta do governador. Foram totalizados 879.431 votos, dos quais 99,975% afirmaram ser contra a privatização do saneamento e dos transportes. O plebiscito registrou 0,014% favoráveis à privatização e houve 0,011% de abstenções. Em abril, pesquisa Datafolha também mostrou que os planos de venda da Sabesp, por exemplo, são rejeitados pela maioria dos moradores do estado.

Apoio à greve

Até 53% dos paulistas afirmam ser contrários à transferência do controle da empresa a grupos privados. Diante desse quadro, a presidenta do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Camila Lisboa cobrou a realização de um plebiscito oficial no estado. “Tarcísio disse que o projeto privatista ganhou as eleições. Se ele está confiante disso, por que não faz um plebiscito oficial sobre a privatização da Sabesp, do Metrô e da CPTM? Ou ele está com medo de que a resposta seja um grande NÃO às privatizações como revelou o plebiscito popular?”, questionou a dirigente.

Nas redes sociais, internautas também rebateram a fala do governador, ressaltando sua derrota, na capital paulista, para seu adversário no pleito, o atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). O petista venceu no município onde foi prefeito entre 2013 e 2016. Haddad teve 54,41% dos votos, conquistando 3.565.920 votos, ante 45,49% de Tarcísio. “Somos nós da capital que REJEITAMOS a privatização”, escreveu uma internauta na rede X, antigo Twitter.

Sobre a paralisação

Os trabalhadores também destacaram que a greve nesta terça ocorre porque o governador não quis catraca livre. Conforme reportou a RBA, o governo de São Paulo frustrou qualquer tentativa de negociação, e com isso a paralisação começou à 0h desta terça.

Neste momento, os trens circulam em trecho reduzido e linhas do metrô funcionam parcialmente. No Metrô, Linha 15-Prata está parada; 1-Azul, 2 -Verde e 3-Vermelha têm operação parcial; 4 e 5 operam integralmente. Na CPTM, Linha-10 Turquesa está parada; 7-Rubi e11-Coral têm operação parcial; 12-Safira e 13-Jade operam integralmente. 

Os servidores realizam ato, a partir das 15h, diante da Assembleia Legislativa. O objetivo é protestar contra o corte de verbas na educação e o projeto de privatização da Sabesp, que tramita em regime de urgência.

Redação: Clara Assunção